Tuesday, October 5, 2010

Zero nas eleições 2010

Hoje é terça feira. E terças feiras eu pego plantão numa clínica que nada acontece. Nada acontece meeeesmo. Há três semanas que o número de atendimentos clínicos é zero! Nada, nem alguém ligando pra perguntar se o cão que está vomitando há cinco dias pode tomar banho.


E como realmente não tenho nada para fazer lá, além de ler um jornal de cabo a rabo, inclusive o horóscopo, li duas páginas de resultados da eleição para deputados federal e estadual. E, assim como o número de atendimentos clínicos nesta clínica, vi que muitos, mas muitos candidatos tiveram zero voto. Para ser mais exato, para deputado estadual eu contabilizei 133 candidatos que sequer eles se votaram. Ou qualquer outra pessoa tenha votado, incluindo familiares e amigos. A coisa melhora um pouquinho, mas só um pouquinho quando o assunto é deputado federal. Foram 70 candidatos sem voto algum para contabilizar. 


Realmente não sei o que pensar. Especulando, será que os candidatos pensaram algo do tipo: - ah, sou tão ruim que não mereço meu próprio voto? Ou, sou tão ignóbil que tudo que investi nessa campanha serve de castigo e não vou votar em mim? O que leva uma pessoa a se afiliar em algum partido político, criar uma legenda, investir em campanha política e... nem sequer se votar? Masoquismo? Falta do que fazer? Insanidade? Não sei responder. Espero que as pessoas que fizeram isso saibam.


Outra coisa, os nomes que as pessoas escolhem para servir de legenda do candidato. Li durante toda a fase pré eleitoral a coluna do grande Arthur Xexéo, do jornal O Globo. E ele listou vários nomes e no fim de cada "lote" de candidatos esquisitos, ele dizia: vocês não querem que eu vote. Senão vejamos para dar toda a razão para ele. Lúcia do Ipê, Gracinha, Zefa da Neve, Professor Elias Positivo, Nicanor a seu dispor, Boleta, Urbano do Vale, Quiel Canarinho, Mori - seu Miagui, Zoinho, Celso de Jesus O Brasileiro, Uilson Pé no Chão, Poeta, Elfo, Volotão Ferreira O Cara, Du Nort, O Amigo Lucimar, Canela, Boneco, Ademilton Bombeirão, Candango do Povo, Da Hora, Zé Pilintra, Merrw (seja lá como se pronuncia isso, mas teve 251 votos), Marrote Já É, Wilson Perna Torta, Leila Leide Quente, Dudu É Federal, Geraldo Com Br, Bia Coragem Para Mudar, Zeca Foguete, Alfa Helena, Hjunes, Kiko, Tati Quebra Barraco (essa é óbvia, mas tá lá com 1.052 votos), Pedregal, Pitombeira, Rico, Benny Guerreira, Ricardo da Karol (essa deve ser brava), Broder, Zelito Tringuelê, Lucilio Pobre Ajudando Pobre, De La Obra, Cosme Damião, Rogério Pobreza, Mc Berio, Carlos Cajazeira (pode até ser nome mesmo), Papai Noel, Jaiminho RJ, Eu Faz (deve ser amigo do Lula), Caçulinha, Xoquito, Uzias Mocotó, Giba Sangue Bom, Piri, Sagário Nego Velho, Boy Malvão, Hugo Camburão, Borracha, Kaizer, Hilda Furacão, Chumbinho, Coca - Amigo da Comunidade, Braz da Paz, Lima do Bem, Fausto 100 por Cento, Socorro, América, Lico Tonelada, Bicho do Pé Já É (nuossa...), Duda Senzala, Cristiano Power, Dora Benicasa (é, pode ser o nome dela), Professor Obama, Oliveira Robin Hood, Pupin, Léo do Bode, Lenice Espécie, Maluco Beleza, Nilson o Abençoado, Liomar Pique Novo, Peçanha Amigo de Todos, Rubens Comandante e Diretoria (nem imagino do que...), Mouralidade, Máximo B&A, O Parceiro do Rio, Arlete Karatê, Joana D´Arc, Cherem, Beko Negão, Luis Sereia (se é nome mesmo... sei não!), Messias O Garoto Bombom, Valmir Boca de Cantor, Careca, Atleta Kequel, Céu, Valdir Virgens, Alberto da 17, Karao, Babo, O Gente Nossa, Robson Vandamme, Vicente Sorriso, Jorge Bombril, Dr. Edilson da Creatinina (meu Deus...), Júlio Bombinha, Claysoul, Itá, Brunholo, Dalzir com Z, |Wander "O Grande",  Jo a Luta Pelo Povo, Sansão, Israel Atleta! Quase me esqueci: Maria Chupetinha, que teve zero voto.


Ainda tem os que tem alguma relação com comidas como o Nelson Cebola, Jorge Mariola, André Banana, Miguel Banana (serão parentes ou serão do mesmo pé?), Mel, Cacau, Manteiga, Ludivan Batata, Gerson Batata, Batata (outro!), Salathiel Salada, Marcius Vinícius - Neskau, Filé, Odimar Sardinha, Sardinha, Marcelo Amendoim, Antero Napolitano (tá, não é necessariamente comida, mas é sabor de sorvete) e Birinha 51 pra descer tudo isso!


E outros que ligam seu nome a sua profissão ou lugares como Jane da Creche, Anselmo da Farmácia, Dr. Jones Cardiologista, Antônio dos Anjos Construtor, Mauri do Caminhão, Cintia do Salão, Arlindo do Gás, Ademilto Bombeirão, Nonato Cabelereiro, Valdeci das Camisas, Marcelo da Construção, Ivan do Atacadão, Gil do Gás, Vilmar da GN, Célia da Voldac, Chagas Guarda Municipal, Fernando do Comilão, Baixinho do Gás, Marioni o Rodoviário, Claudioci das Ambulâncias, Dr. Joe o Médico da Família, Suboficial L-Oliveira, Eliel da Fortex, Paulinho da AADEF, Alair Artesão do Vime, Sílvio Konig Raios X, Barriga do Açougue (esse não sabia se colocava aqui ou na parte de comida), Gegê do Açougue (idem), Hugo Pipoqueiro (idem), Luiza do Açaí (idem), Julinho Protético, Sandra da Light, Didiu Jornaleiro, Luizinho da Praia, Missionário Thiago de Acari, Roberta Metrô de Caxias (nem sabia que tem metrô em Caxias), Xaolin da Rocinha, Maria José do Mangueiral, Marquinho Seropédica, Cleibe do Rio.


Mas o pior de tudo não são esses ilustres anônimos que aparentemente são inócuos, mas saber que Garotinho teve 694.862 votos, que Romário teve 146.859 votos como deputados federais, mesmo sabendo que Garotinho pode nem ser diplomado, caso o projeto da Ficha Limpa seja realmente efetivado pelos ministros do Supremo. E outra da "famiglia" Matheus, a Clarissa Garotinho que se elegeu deputada estadual, junto com o Bebeto Tetra e Roberto Dinamite. Mas também é bom saber que o Eurico Miranda mesmo com 17.228 votos ficou de fora, junto com Elymar Santos! Aliás, por que o Romário é federal e Bebeto e Dinamite são estaduais? Fizeram menos gols? Isso conta também?


Pior do que São Paulo eleger o Tiririca, que aparentemente é analfabeto é a miopia da população em geral na hora de votar. Votam, elegem e depois nem se lembram em quem votou na última vez. Triste. Nem vou comentar sobre Dilmas, Serras e Marinas. Minha opinião? Dilma NÃO!


De qualquer forma, o Tiririca tem 10 dias para provar que sabe ler e escrever. Pior é o Lula que está há oito anos e ninguém tem certeza.

Friday, October 1, 2010

Hospital Jesus e minhas mãos

Os meus filhos gêmeos, Daniel e Mateus, desde cedo foram diagnosticados como intolerantes à lactose. Ou seja, não podem ingerir qualquer alimento derivado do leite bovino. Na verdade, acaba se extendendo a outras partes do bovino como a própria carne. Aparentemente, se trata de uma doença comum em crianças de diversas idades, sendo mais frequente em crianças e bebês mais novos.


Após consulta com um gastroenterologista pediátrico, onde foi diagnosticado a tal intolerância, descobrimos que eles poderiam ser alimentados com dois tipos de leite em pó específicos para isso. Um se chama Neocate e o outro, Pregomin. Existem outros tipos como o Alfaré, mas a melhor opção para eles seria o Pregomin, numa relação custo-benefício. Digo isso porque o Pregomin, em lojas especializadas e em farmácias específicas, custa a bagatela de R$ 262,60. E o Neocate custa cerca de R$ 570,00 a lata de 400 gramas. É claro que tem uns espertalhões que, mesmo depois da criança não ter mais necessidade de usar estes produtos, continuam pegando no município para revender e formar uma rendinha extra de forma ilícita. Então, nos sites de busca de preço encontra-se gente vendendo por cerca de R$ 60,00 a 85,00 a lata do Pregomin. Tem gente, claro, que apenas vende o que sobrou. Mas também tem gente que tem mais consciência e cede para quem precisa ou troca por outros tipos de leite em comunidades do Orkut ou em sites de ongs. E para minha surpresa não são poucas as pessoas que têm esse tipo de consideração com quem precisa.



Não somos pobres como muitos que vão exclusivamente em hospitais públicos, mas não temos condições financeiras de pagar cerca de três mil reais por dez latas de Pregomin a cada 3 semanas, que é a quantidade que eles consomem. E como pagamos todos os impostos em dia, não acho que estamos "dando golpe" no município ou nos favorecendo desnecessariamente. Aliás, pago mais impostos do que muitos dos que estão lá sendo atendidos. Então resolvemos procurar ajuda pelo município. E nos inscrevemos num programa onde é realizada consultas a cada 3 semanas em média e quando são doados pela prefeitura as latas de Pregomin necessárias para eles, até a próxima visita.


O local se chama Hospital Municipal Jesus e atende exclusivamente crianças. Se localiza em Vila Isabel, subúrbio do Rio de Janeiro.


Normalmente, quem vai lá para as consultas e reavaliações é a Raphaela, mas eventualmente, eu acabo indo também. Acho que eu fui umas três ou quatro vezes. E a cada vez que vou vejo situações tristes e desanimadoras com as milhares de crianças e bebês que lá frequentam, não por opção.


Ao chegar lá, o primeiro procedimento a ser realizado é a pesagem das crianças. Depois, dependendo do que for ser feito, consulta ou reavaliação, somos encaminhados para um consultório específico para o problema, no caso dos meninos, gastroenterologia. A médica avalia e faz a prescrição do leite que é retirado num almoxarifado-farmácia dois andares abaixo. Na verdade, como eles têm uma pediatra particular, a consulta se limita basicamente a avaliação de ganho de peso e desenvolvimento das crianças. Então, dentro do consultório não perdemos tanto tempo.


O meu problema com o hospital é o hospital. Explico. Sabe aquele programa de televisão chamado Monk? Pois é, é sobre um detetive que tem transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e tem misofobia (ou germofobia, ou seja, medo de germes). Tirando os exageros da série cômica, é mais ou menos o que eu sinto quando entro neste hospital. Aliás, na maioria dos hospitais, afinal, hospitais são lugares onde as pessoas vão quando estão doentes. Não necessariamente, mas num aspecto geral sim. Não tenho problemas de ir em lugares como Hospital São José ou na Perinatal, pois dificilmente iremos dar de cara com pessoas realmente doentes.


Já em hospitais, principalmente públicos, sei que as pessoas vão com as diversas doenças existentes num ser humano. Desde as doenças não contagiosas até as minhas mais temidas doenças infecto contagiosas e parasitárias. Tenho problemas com as diversas secreções, excreções e descamações que as pessoas eliminam por diversas formas. Sangue, pús, ranho, baba, meleca, suor, caspa, urina, fezes, suco gástrico, perdigoto, tudo isso para mim soa como algo muito ruim para a minha saúde, talvez, mais mental do que física. Mas como acabo somatizando tudo, então o que era mental vira físico em um piscar de olhos. Ah, isso me faz lembrar outra secreção, a oftálmica, ou lágrima. Ou remela, o que é pior. Daquelas amarelo-esverdeadas.


Numa das primeiras vezes que eu fui lá, eu vi uma criança que não sei precisar a idade dela, mas tinha os dois caninos inferiores mas nenhum incisivo. Ele dormia com a boca aberta talvez não por opção, mas acho que era assim mesmo que ele dorme. Do abdomen dele saía um tubo que ficava preso por uns curativos e o pai o alimentava através dessa sonda, conectada a um frasco, onde ele colocava o leite. Durante todo o tempo que estive neste dia, ele não acordou. Uma cena triste. No mesmo dia, ainda vi um bebê recém nascido no colo de uma senhora que tinha o tamanho da Tangerina* e uma pele acinzentada, muito magrinha...


Na última vez que fui, tinha um garoto com cerca de sete ou oito anos, magrinho também, mas que impressionava a sua pele. Ele tinha uma hiperqueratose em todo o corpo, além de uma descamação grossa no couro cabeludo, formando umas placas amareladas soltas no cabelo. A pele desse menino parecia que estava coberta de escamas escuras. Mas o garoto não parecia se incomodar com isso. Ele ficou o tempo todo no lugar onde as pessoas ficam esperando para serem atendidas brincando, desenhando umas figuras numa folha de papel. De vez em quando ia conversar com a mãe e mostrar o desenho, conversava animandamente com outras crianças da sua idade. Eu me senti realmente um monstro por ficar o tempo todo em pé olhando para onde ia, não querendo que ele chegasse muito perto de mim. Ele realmente nunca chegou perto de mim. Mas quando resolvi sentar com o Mateus no colo, uma menina resolveu querer mexer no pé do Mateus. E eu já tinha visto a pele dessa menina, que junto com mais duas meninas mais velhas que ela, tinham diversas lesões de pele, que elas ficavam o tempo todo se coçando. A mais velha tinha umas feridas no pescoço com placas de pús e sangue. E no braço também. Aliás, todas as meninas tinham lesões nos braços, perto do cotovelo. E se coçavam. Tanto que, quase imediatamente ela encostou nos pés do Mateus, eu me levantei fingindo ter visto algo extremamente importante, focando em algum ponto longe, depois fiquei enrolando. Certamente a mãe percebeu e soltou um comentário do tipo: - ih, ele não quer que você brinque com o bebê...


Uma das babás percebeu meu pânico, coisa que ela comentou depois, dentro do carro. Ainda, no hospital, tinham umas senhoras de alguma ong que distribuíam bananas e pacotinhos de biscoito tipo Club Social, mas genérico. Até era integral. A banana eu não aceitei, embora estivessem com uma cara melhor do que essas que a gente compra na feira. Quer dizer, eu não, porque odeio entrar em feira. O biscoito eu aceitei porque a senhora praticamente enfiou no meu rosto e fiquei com medo de recusar e apanhar na frente de todo mundo. Não comi, claro. Não por causa do biscoito, se não era um Club Social original e sim um genérico, mas por causa do lugar. Mesmo não encostando em nada dentro do hospital, não ia conseguir colocar nada na minha boca sem que antes pudesse lavar minhas mãos com algum sabonete (líquido) antisséptico por pelo menos uns 15 minutos. Então, a mesma babá que percebeu quando eu levantei com o Mateus para não deixar a menina mexer nos seus pés, acabou comendo o biscoito. Engraçado que na hora que as senhoras ofereceram os biscoitos e bananas, elas recusaram.


Esse foi o dia que estava mais cheio de pacientes. E pacientes com prováveis doenças infecto contagiosas e/ou parasitárias. Uma multidão com suas crianças doentes andando pra lá e pra cá aguardando o atendimento. Difícil não sofrer junto com elas, difícil ver crianças que deveriam estar brincando, se divertindo, sofrendo todas juntas num lugar insalubre. Bom, pelo menos insalubre para mim.


* Tangerina é a gata que mora na clínica e deve pesar dois Kg.

Saturday, September 11, 2010

11 de setembro

Não sei como funciona a mente humana. Sou humano, mas não sei nem como funciona a minha mente, quanto mais a dos outros. Escrevo isso porque reparei que o meu cérebro funciona de forma esquisita. Ele resolve ter ápices de criatividade nas horas mais impróprias e nas horas em que realmente não estou na frente de um editor de textos ou mesmo um papel e uma caneta pra fazer minhas anotações. Claro que a grande maioria das vezes esses pensamentos servem apenas para mim. E acho importante, pelo menos pra mim, expor essas idéias que aparecem do nada. Este post, por exemplo, começou a se formar na hora que estava tomando banho.

Entrando realmente no assunto do título, não vou ficar divagando sobre coisas óbvias como "o que você estava fazendo no momento do ataque dos talibãs contra as Torres Gêmeas?" ou "Bin Laden é o vilão sozinho ou o Bush tem grande parcela desse ataque?".

Achei que devia escrever sobre isso por causa de um texto postado pela novelista Glória Perez em seu blog sobre a idéia irresponsável de um pastor norte americano anti islã, como ele mesmo se denomina, de queimar exemplares do Alcorão (ou Corão). Li também uma matéria sobre o 11 de setembro no jornal O Globo, mostrando as reações mundo a fora sobre tal declaração e idéia de jerico desse pastor. Como disse a Glória Perez, um povo regido sobretudo por religião, eles não fazem distinção de vida civil e religiosa. Ou seja, o povo islâmico não irá simplesmente fazer uma tocaia e acertar um tiro na testa deste pastor. Irão mandar algum homem-bomba carregado com 30 quilos de explosivos que serão detonados arremessando aos ares tudo que estiver dentro do raio de destruição, não se importando se irão ser atingidos inocentes, pessoas que não concordam com as idéias do tal pastor, familiares, tudo!

Na verdade, todos que são considerados infiéis, ou seja, que não seguem o Alcorão e não têm Alá (ou Akbar) como forma de vida, não merecem seu respeito. Eu li em algum lugar que os muçulmanos, quando são doutrinados para matar infiéis, têm que fazer da forma mais cruel possível, fazendo sua vítima sofrer por mais tempo, inclusive usando facas cegas, para que o corte seja o mais doloroso e o sofrimento mais longo. E quanto mais longo e quanto maior for o sofrimento, mais "crédito" este algoz terá com Alá.

Não vou entrar na discussão de quem está certo ou quem está errado. Até porque, ao longo dos meus quarenta anos de vida, aprendi que não existe uma verdade ou mentira absoluta. Nem que existe um certo ou errado. Existem pontos de vista, formas de pensar diferentes, que o respeitar a idéia ou ideal do outro é que seria o ideal.

Ou seja, para um muçulmano matar em nome de Alá é correto. São atribuições ensinadas e doutrinadas, quase que adestradas desde crianças de que eliminar infiéis irá fazer com que, ao final de sua vida, seja como for a forma, irá alcançar a graça de encontrar Alá, o Todo Poderoso, de braços abertos para se juntar a forma mais perfeita de pós vida. Da mesma forma, a Igreja Católica prega que existe um Deus onipotente, onisciente e onipresente. Que devemos acreditar em anjos e santos. Enquanto que os evangélicos não acreditam nem aceitam santos. Que judeus ortodoxos só devem comer comidas kosher.

O que eu quero dizer é que nós, brasileiros, achamos absurdo que chineses comam cachorros. Que existam na cultura deles cães criados para abate. Que eles comam gafanhotos, formigas, escorpiões e outros seres, para nós pouco digeríveis. Mas temos a cultura de comer carne bovina, animal considerado sagrado pelos indianos. Na cultura indiana, é preferível descarrilar um trem com 500 passageiros causando a morte de grande parte e ainda ferindo outros tantos, do que atropelar uma singela vaca deitada alheia a situação nos trilhos do trem. Como os evangélicos acharem normal um pastor chutar a imagem de uma santa, dizendo aos brados que é uma figura oca, que não significa nada. Para os judeus, o abate de um bovino tem que ser feito por um rabino, sem dessensibilização do animal, com jugulação ainda com o bovino consciente, para que esta carne seja considerada kosher. Para um militante de bem estar animal isso é considerado extremamente cruel e desnecessário. Criminoso, diria muitos. Não se coloca os pés sobre sacos de arroz (principalmente) ou outras comidas na frente de um japonês. Nem se pisa em livros. Duas coisas sagradas para os orientais.

O problema é o significado. O que cada coisa significa para cada um. Para os católicos a imagem de uma santa ou de Jesus ou de Maria, Mãe de Deus é sacra. Deveria ser intocável. Como o Alcorão é para os muçulmanos. Para eles, como relatou Glória Perez, é uma espécie de "pocket" Alá. Não se profana nem mesmo em pensamento. Vale o velho ditado "o seu direito acaba quando começa o meu". A discussão é inútil. Cada um defende seu ponto de vista e cada um vai ter seus motivos para justificá-los. O que não deve acontecer é ofender um ponto de vista do outro. Não dá para desrespeitar o ideal do outro. Não adianta dizer que é devoto de Deus e invadir um estabelecimento de umbanda destruindo imagens relacionada à essa religião.

O fato de ser cristão, evangélico, judeu, muçulmano, ateu, budista, umbandista, espiritualista ou qualquer outra crença não importa. Importa é respeitar a crença do outro. Se concorda ou não, não cabe a ninguém julgar. Por mais absurda que possa parecer.

Voltando ao 11 de setembro de 2001, quando dois aviões foram arremessados de forma precisa sobre um dos ícones do modelo de vida norte americano, tão criticado pelos muçulmanos, mostra uma visão de como uma idéia idiota pode alcançar uma grande tragédia que irá afetar pessoas que não tem nada a ver com isso. A resposta não irá ser pontual. Não se limitará a eliminar apenas o pastor Terry Jones. Poderá ceifar outras dezenas, centenas e até milhares de outras vítimas que não compactuam com a idéia do pastor.

Aceitar e acima de tudo respeitar o ponto de vista dos outros é que nos deveria diferenciar de outros animais. Tal qual minha mente eu mesmo muitas vezes não entendo como funciona, imagina tentar pensar como outros? Outros, muitas vezes, que nem compartilham da mesma língua, credo, opção sexual, cor... A aceitação e compreensão deveria ser fundamental.

Para quem gosta de aviões como eu e quer ler sobre o 11 de setembro, fica a sugestão do livro "Plano de ataque" do escritor Ivan Sant´anna.

No demais, Amém, Allahu Akbar*, Shalom para todos!

*Alá é o maior

Thursday, September 9, 2010

Ainda sobre o Dia do Médico Veterinário...

Reproduzo aqui na íntegra um ótimo texto do saudoso Bussunda sobre veterinários e dentistas, publicado na Revista do Provão, de 1998.



CAVALO DADO

 "Veterinária e odontologia têm mais coisa em comum do que a gente costuma imaginar. Por que um sujeito decide ser veterinário? Evidentemente, pelo amor aos animais. Amor no verdadeiro sentido do termo; dificilmente alguém escolherá seguir a carreira por causa de um envolvimento passageiro com um animal, na adolescência. Mas o que isso tem a ver com os dentistas? Ora, se um cidadão resolve ser veterinário por amor aos animais, por que será que alguém resolve ser dentista? Só pode ser por ódio aos seres humanos! Só o sadismo e o desprezo ao próximo podem explicar por que é que uma pessoa escolhe como profissão submeter seus pares a uma sessão de tortura com brocas, alicates e outros instrumentos medievais. Mas eu não estou aqui para fazer juízo de valor sobre as motivações de cada um na sua escolha profissional, pelo contrário, quero ajudar no que for possível.

 Neste sentido, apesar de já ter sido chamado de elefante e hipopótamo algumas vezes e de ter sido “devolvido” ao alto mar por um grupo de ecologistas, na última vez que tentei ir à praia, não há muita coisa que eu possa fazer pela veterinária. A não ser o que já faço, que é tratar bem a cachorra da minha cunhada e a cobra da minha sogra...

 Mas, com relação à odontologia, a coisa muda de figura. Sou um grande benemérito da profissão, desde que resolvi ceder minha arcada dentária para experimentos científicos de todo tipo. O uso alucinado de balas e outros artefatos açucarados durante toda a infância me fizeram um dos maiores freqüentadores destes templos do prazer sádico na história da humanidade. Outro motivo foi o fato de, durante uma boa parte da minha vida, ter achado que a escova de dentes era apenas um instrumento de dominação do poder paterno. Quanto ao fio dental, não me adaptei até hoje. Sei lá, sentar na areia, com aquilo, me dá agonia.

 Com tanta experiência, me sinto no direito de fazer algumas observações que podem ser de muita utilidade para quem deseja seguir a profissão. Por exemplo: não sei se, por solidão ou para acentuar o efeito sádico da sessão, alguns dentistas insistem em contar piadas a seus clientes. É uma prática perigosa, que deveria ser proibida pelo Ministério da Saúde. Em primeiro lugar, pela covardia; afinal, a gente está lá, cheio de ganchos na boca, sem a menos condição de dizer: essa eu já conheço há 25 anos! Mas, principalmente pela falta de cuidados com a suscetibilidade do paciente. Sempre que precisar contar uma piada, o dentista deve dizer: “essa vai doer” ou então, “se doer, levanta a mão que eu paro”...

 Outro problema que a odontologia precisa resolver é o da anestesia. É certo que ninguém gosta de sentir dor, e a anestesia é mais que necessária, mas será que a gente tem mesmo que se submeter àquelas agulhas que acabam anestesiando até o cérebro? Tive uma experiência trágica com isso. Mesmo estando um pouco gripado, precisei ir ao dentista. Sentia uma dor naquele dente bem da frente, que os estudantes devem saber o nome ou então não têm a menor chance de se dar bem no Provão. Pois bem, o sujeito me deu uma anestesia que começava no lábio superior, passava pelo nariz e pelos olhos e acabava no meio da testa. O tratamento foi bem-sucedido, pois não senti nada. Ao voltar para casa, percebi que, no ônibus, todos me olhavam e faziam uma cara de repulsa. Como não tinha me olhado no espelho, imaginei que o cara tinha feito um estrago na minha boca, que deveria estar muito inchada para provocar tanto espanto nos outros passageiros. Creditei aquilo à anestesia. Só fui ter a real dimensão do problema quando alguma coisa saída do meu nariz bateu na ponta do queixo, livre do efeito anestésico. Pagar esse mico me deixou traumatizado e me fez fugir dos consultórios dentários por muitos anos. Portanto, senhores futuros dentistas, lembrem-se: antes de anestesiar o nariz de um cidadão, perguntem se ele não está gripado...

 Mas há duas perguntas que atormentam os brasileiros neste final de século e que devem ser respondidas após uma ampla discussão. A primeira: se o craque Edmundo for acometido por uma forte dor de dente, deve consultar um dentista ou um veterinário? A segunda é mais filosófica, mas não temos mais condições de conviver com essa dúvida: afinal, a cavalo dado, se olham os dentes ou não? Com a palavra, os futuros dentistas e veterinários."

Dia do Médico Veterinário

Hoje, dia nove de setembro é o dia do Médico Veterinário. Minha profissão.
Antigamente, tipo uns 10 anos atrás, no dia do Médico Veterinário, costumava ganhar presentes de clientes, de laboratórios, o Conselho Regional e Federal de Medicina Veterinária costumava fazer chamadas televisivas em horário nobre, enaltecendo a profissão. Profissão essa que não se limita apenas a ser um "doutor de cachorrinhos de madame" como já ouvi muitas e muitas vezes. A profissão de Médico Veterinário abrange uma enorme área relacionada a saúde.


Além do óbvio, que todos sabem, existem os clínicos e especialistas como na medicina humana. Então temos os clínicos gerais, que são a maioria, e suas ramificações como cirurgia, dermatologia, oftalmologia, pediatria, geriatria, anestesia, enfim, quase tudo que temos como especializações em humanos. Na época que eu era acadêmico da graduação, tinha um posterzinho distribuído pela Purina que nos chamavam de 21 médicos em um. Fazendo uma alusão que todo Médico Veterinário acumulava todas as funções e especializações que existe na medicina humana. Ou seja, o cara era clínico, operava, anestesiava, fazia partos, tratava de problemas dos olhos dos cães e gatos, vacinava, se o bicho morria era ele que fazia a necrópsia e dava o laudo final, dava aulas, tirava raios x, que ele mesmo revelava e emitia o laudo, internava, fazia de tudo um pouco. Ou de tudo, muito.


Felizmente, este conceito de Médico "Purina" está em desuso com as centenas de especializações existentes e o afunilamento para que cada profissional seja cada vez mais dedicados a uma determinada área ou sub área. É bom e não é. É bom que existam cada vez mais gente especializada em determinada função como anestesistas, criando profissionais cada vez melhores na sua área. Ou seja, profissionais que possamos contar de forma segura e prática. Por outro lado, com a ultra especialização, tipo os que existem em medicina humana, como o ortopedista que é especializado apenas em carpos e metacarpos da mão direita, fazem com que determinados profissionais fiquem tão míopes na sua área que esquece de ver o paciente como um todo. E isso é ruim. Mesmo sabendo que tal profissional sabe muito de alguma área, se ele não enxerga o paciente como um todo, acaba falhando no conjunto.


Além da área médica propriamente dita, existem Médicos Veterinários que fiscalizam abatedouros, estabelecimentos médicos, veterinários, de alimentação, de medicamentos. Ou seja, a carne que consumimos está intimamente ligada ao trabalho de um Médico Veterinário.


Enfim, voltando ao assunto de presentes, costumava ganhar presentes bons, como vinhos, perfumes caros, cestas de cafés da manhã, bombons e também coisas inúteis como flores, cartões etc. Ok, eu gosto de receber cartões. Este ano, ganhei um (isso mesmo, UM!) bombom Sonho de Valsa de um laboratório. E uma amiga, a Daniela Prado da LordCão, pagou o meu almoço. E um cliente me deu uma caixinha de madeira com o desenho de um westie na tampa. Com um cartão. Recebi também alguns emails me parabenizando. Apenas de laboratórios e outros veterinários.


Feliz Dia do Médico Veterinário!

PALMEIRAS 2010

Pois é, o meu PALMEIRAS... Onde está o futebol do meu querido PALMEIRAS? Chegaram Felipão, Valdívia, Kléber e por enquanto, a coisa mais positiva foi a virada em cima das acarajetes - BA. Os cabecinhas chatas comedores de vatapá fizeram 2 x 0 lá no Barradão e em casa viramos por 3 x 0, num jogo onde nem teve tanta técnica assim, mas sobrou vontade dos jogadores. Mas nos demais jogos, o que vi foi alguns lances de bola parada, uma ou outra jogada individual mas o bom futebol ficou longe.


Perdemos pro Atlético-GO de forma vergonhosa, até nos recuperamos contra outro Atlético, agora o mineiro, lá no Ipatingão, empatamos com o florminense no Maraca, perdemos de virada das bailarinas azuis, mesmo terminando o primeiro tempo por 2 x 0. No segundo tempo nem achei que jogou tão mal assim, acho até que as smurfetes acordaram para o jogo e viraram o jogo em pleno Pacaembú. E ontem, num jogo que nem assisti porque estava numa churrascaria comemorando um aniversário, aparentemente, jogou mal e conseguiu novamente um empate "heróico". E lá na churrascaria tive o desprazer de assistir bambi 2 x 0 mulambada, num jogo onde se comemorou 20 anos de boiolice do goleiro biba delas, o rogério semen. Era o tipo de jogo que  um míssil lançado por algum talibã revoltado com o Terry Jones deveria cair em campo matando todos. Enfim, milagres não acontecem sempre. Vide Dilma Roussef. Nem o câncer a suportou.


Voltando ao assunto do título - infelizmente não é título conquistado pelo VERDÃO - esse ano, vai ser um ano para esquecer. Espero que não sejamos rebaixados novamente. Bicampeão da segundona não é exatamente para se orgulhar. Ainda temos uma mínima chance na Sulamericana. Mas pra ganhar, tem pelo menos que jogar como jogou contra o derrota da Bahia, quando ganhou de 3 x 0.


Espero também que eu morda a língua e o PALMEIRAS consiga realmente uma arrancada heróica, e leve no mínimo a Sulamericana e algum lugar no topo no Brasileirão.


Como disse o Luiz Eduardo, o Felipão só não foi demitido ainda porque É o Felipão.

Tuesday, September 7, 2010

Sem ordem

Este blog, diferente do LESMA LERDA, não tem cronologia alguma. Apenas vou postando meus pensamentos na hora que eles ocorrem.

Monday, September 6, 2010

Início

Criei este blog pra falar coisas da minha vida. Coisas sobre o meu time PALMEIRAS, sobre meus filhos, sobre minha profissão de Médico Veterinário e outras coisas. Ou seja, nada em específico, sem regras, sem nenhum assunto em específico. Para assuntos específicos como corridas, entrem no blog da LESMA LERDA. No final das contas, é só um blog para minha catarse mental.


Vou pensando nas coisas e vou postando aqui. Tipo Twitter, mas com mais de 140 caracteres. Meu Twitter (@marcosmakoto) também está lá.