Wednesday, March 23, 2011

Adote um cão e/ou gato, mas pense antes

Pareço um poodle?

Na última segunda feira, dia 21 de março, a nossa amiga Daniela Prado trouxe dois cães filhotes resgatados de Teresópolis, de um abrigo, pois estavam muito parasitados e extremamente debilitados. Um deles já chegou morto aqui na clínica e o outro praticamente morto. Eram irmãos de ninhada. O que ainda estava vivo estava numa apatia tal que sequer abria os olhos. Colocamos em fluidoterapia, pois estava bem desidratado e magro. Após, algumas horas de fluido ele dava sinais de que iria melhorar. Abriu os olhos, já ficava em posição de esfinge e até se levantou para fazer xixi e soltar uma diarréia assustadora. Durante toda a tarde ele ficou bem, até que próximo a noite começou a ficar fraco, vomitar e infelizmente também se foi.



Praticamente um schnauzer branco
 
 





Na verdade, não escrevo este post para deixar ninguém triste com a história. Escrevo para mostrar que além dos animais resgatados na época da enchente na região Serrana, muitos outros cães e gatos (e até outros animais) continuam sendo abandonados nos abrigos e nos arredores. Alguns chegam em estágios terminais, mas outros tantos ainda têm chances com tratamento e cuidados necessários.

O maior problema é a superlotação dos abrigos e a diminuição na captação de recursos, uma vez que, passados dois meses da tragédia, as doações já não são tão abundantes quanto na época logo após o ocorrido.
Uma forma de diminuir a superlotação é a adoção dos cães e gatos lá residentes em condições difíceis, com o esforço dos voluntários e colaboradores que tentam manter tudo, ainda longe do ideal, mas sempre com o máximo de boa vontade e dedicação.

Existem cães lá de todos os tamanhos, idades, machos e fêmeas (que serão devidamente castrados antes da adoção). Claro que um cãozinho filhote sempre será mais "bonitinho" do que um mais velho ou até mesmo os mais velhos. Vendo nessas fotos, uma coisa que se torna praticamente certa em todas é a expressão de tristeza, melancolia, de desânimo. Coisa que pode ser mudada indo para um lar onde possa receber carinho, atenção, que possa até bagunçar um pouco, mas que tenha certeza de que não será novamente abandonado à própria sorte.
Não tenho uma orelha
Tem gente que prefere filhotes, pois sempre temos a vontade de criá-los desde pequeno, mas para quem não tem muito jeito ou paciência para passar pela fase de filhotes, há os cães já adultos, sejam jovens, sejam idosos. O que me deixa triste é saber que alguns desses cães, principalmente os mais idosos podem morrer sem nunca saberem o que é ter o aconchego de um lar e carinhos exclusivos.

Velhinho e carente
 





Dois quase salsichinhas

Isolamento para cães agressivos
Sei que adotar um animal não é um procedimento que qualquer pessoa possa fazer, mesmo com a maior boa vontade do mundo, pois envolve principalmente o fator financeiro. Ser proprietário de um cão ou gato é sinônimo de gastos financeiros constantes com alimentação, veterinário, vacinas, eventuais medicamentos e se dispor de dar um mínimo de atenção e carinho para o animal. O cãozinho ou gatinho come, bebe água, faz sim xixi e cocô, que fede e dá trabalho. Se for um cão, depois das vacinas, se for um filhote, vai precisar passear na rua diariamente, se exercitar e esticar os músculos para que mantenha sua cabeça longe de idéias como roer móveis, fios de telefone, da TV a cabo, chinelos e outras coisas da nossa rotina. E gatos, que não saem de casa, mas que também necessitam de atenção. Gatos costumam arranhar móveis, subir na cama, subir na pia. Ter um animal de estimação significa ter gastos e, de certa forma, abrir mão de muitas coisas da vida, como viagens longas. Digo “de certa forma” porque hoje em dia existem hotéis ou canis de hospedagem como o Canil Monte Olivete e pessoas que cuidam de gatos na própria casa como a Catsitter dos Sonhos. Claro que isso tudo tem um preço, que muitas vezes não são proibitivos. Mas é aquilo, se quer conforto, temos que pagar por ele.
 

 

 














O mais importante é nunca adotar qualquer animal por impulso. Pense bem, pondere, avalie os custos/gastos e sua disposição para adotar um. Não vá pela cabeça do vizinho ou do cunhado que tem certeza de que você precisa de um gato ou um cachorro. Quem tem que ter certeza disso é você mesmo.

Tuesday, March 22, 2011

Academia

Eu nunca fui alguém com atributos desportivos e nunca fui incentivado a ser um atleta. Quando era apenas uma criança, descobri que gostava de futebol e sempre que podia estava lá jogando futebol com a molecada, seja do prédio onde morava, seja da escola. E sempre falava para minha mãe que queria ser jogador de futebol profissional, coisa que minha mãe sempre ignorou solenemente.

Jogava no gol, era baixinho e por isso ninguém levava muita fé, mas não tinha medo de me jogar para agarrar uma bola ou dividir na entrada da área com algum guri muito maior que eu, o que me levou a constantes fraturas, luxações, edemas, hematomas e outros traumas. E com isso consegui certo respeito quando estava lá na longínqua quarta série do primeiro grau.

Depois, muito tempo depois, quis fazer alguma luta, afinal, pelo meu tamanho, peso e porte, era sempre o saco (magro) de pancada dos “amiguinhos” da escola. Sim, o bullying sempre fez parte da minha vida. Quer dizer, da minha vida de adolescente. Era sempre o mais novo da sala, o mais baixo, o mais leve, o mais tímido, o mais fraco, o mais burro e o mais chorão. Mas novamente, minha mãe nunca me incentivou a esse tipo de esporte. E, finalmente aos 13 ou 14 anos, depois de muita insistência, comecei a fazer karatê numa academia chamada Kobukan, que era de um senhor magro, velho, enrugado, japonês (óbvio), que lutava muito chamado mestre Tanaka. Que, por coincidência era amigo do meu pai. Não sei se ele tinha algum problema com meu pai, pois ele sempre me colocava pra lutar com alguém que facilmente tinha o dobro e até o triplo do meu peso. Ou nos exercícios de abdominais ele ficava pisando e pulando sobre a minha magra barriga. Ainda bem que ele devia ter no máximo uns 60 quilos (ou menos, sei lá) e conseguia sustentar seu peso sobre o meu umbigo. Claro que mesmo sendo um pobre faixa branca, mirrado e esquelético, os que vinham lutar comigo deviam achar “ah, o cara é japonês... Sei lá... Vai que... Dane-se, vou quebrar ele antes que ele me quebre”. Como se isso fosse possível pra alguém que devia pesar uns 50 quilos no máximo. E sempre chegava em casa todo roxo. Até que cansei de apanhar e resolvi largar essa vida.

Eu sempre tive péssima impressão de academias de ginástica e musculação. Sempre achei que era um lugar onde todos eram marombeiros, todos ultra fortes, musculosos e que iriam rir de mim quando entrasse numa. Por isso, nunca me interessei por essa parte. Me lembro que no final da faculdade, quis entrar numa academia que era em frente, era só atravessar a rua. Mas quando fui conversar com um cara que deveria ser algum professor mal pago de lá, fui praticamente desencorajado a fazer musculação e qualquer outra coisa por lá. O sujeito me perguntou se eu fazia algum esporte e prontamente disse que corria (muito esporadicamente, algo do tipo uma vez por semana, se não chovesse). Ele, calmamente, me disse que isso não era exercício físico algum e que a musculação deveria servir apenas para complementar outro esporte. E não fez a minha inscrição. Juro.

Fastforwarding alguns anos, depois que a Eduarda nasceu e a mãe dela resolveu que ela deveria fazer natação, nos matriculamos todos na academia Fórmula da Água, em Copacabana, perto da clínica. A Duda pra natação e eu e a Raphaela para aeróbico e musculação. Eu e a Duda continuamos até hoje e a Raphaela, no início, ia dia sim, duas semanas não. E desistiu.

Eu sempre achei o ambiente da academia muito peculiar. Tinha pessoas que eu via e encontrava na academia todo dia, seja na musculação, ou seja, na esteira, mas que nunca falavam comigo e, mesmo encontrando essas pessoas na rua, em outros lugares, pareciam que elas nunca tinham me visto. Ou, vai ver, elas realmente nunca me viram ou prestaram qualquer atenção em mim na academia. Ou realmente me ignoravam mesmo. Com o passar dos anos (sim, dos anos mesmo) algumas pessoas começaram a falar comigo. Talvez por pena daquele japonês franzino que sempre tava com alguma camisa do Palmeiras. E hoje em dia ainda tem muita gente que ignora, mas vi que não é uma coisa pessoal. É alguma coisa de academia que ainda não sei direito o que é. Pensando bem, isso também acontecia no Ibeu. E também num curso de computação que fiz há décadas (estudei Basic e não aprendi nada, num TK 83). E em alguns cursos de veterinária. Acho que o problema sou eu mesmo.